Imunoterapia no Tratamento de Tumores com Instabilidade de Microssatélites
Mas o que é Instabilidade de Microssatélites? Vamos tentar entender?
Nosso material genético (o DNA) fica dentro de nossas células (no núcleo delas!). Todos nós sofremos o tempo todo alterações no nosso DNA! Sim! Ele está constantemente sofrendo com mutações secundárias às agressões externas: radiações, contato com substâncias tóxicas (presente em uma infinidade de produtos, fumaças, poluentes, agrotóxicos), uso do cigarro… O nosso DNA também pode sofrer erros espontâneos, sem fatores bem conhecidos desencadeantes…
Mas… Nosso corpo é bem “esperto” e possuímos múltiplos mecanismos de reparo! Alguns genes, chamados de genes supressores de tumor, podem ativar a morte da célula quando detectado um erro maior (para que aquela célula defeituosa não permaneça se replicando). Ainda, algumas enzimas literalmente “passam sobre o DNA”, consertando errinhos que podem ter ocorrido! Não é demais?
Às vezes, alguns desses mecanismos não estão presentes em algumas pessoas: possuem esses genes de proteção mutados e inativos ou por defeitos em genes elas não produzem proteínas fundamentais para reparar e consertar o DNA.
Pessoas com tumores que possuem defeito em um desses mecanismos (chamado de deficiência no mecanismo de reparo OU instabilidade de microssatélites podem RESPONDER MUITO BEM À IMUNOTERAPIA!
Essa foi a primeira indicação, na história da oncologia (aprovada pelo orgão americano FDA em maio de 2017), para uma medicação imunoterápica ser utilizada independente da localização do tumor primário/tipo de câncer! Se o paciente tem esse defeito no reparo do DNA chamado de instabilidade de microssatélites, se já utilizou as linhas de tratamento clássicas para o seu tipo de câncer e está progredindo doença, ele poderá ser um canditado à imunoterapia!
Ainda, no congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) de 2020, resultados do estudo Keynote-177 foram apresentados. Neste estudo, pacientes com câncer colorretal avançado/metastático e com instabilidade de microssatélites documentada receberam imunoterapia com pembrolizumabe como terapia inicial. Em comparação com o grupo que recebeu quimioterapia, os pacientes tratados com imunoterapia tiveram um aumento da sobrevida livre de progressão da doença (viveram mais tempo sem a doença progredir).
(Veja também os conteúdos “Imunoterapia no tratamento do câncer: Como ela funciona?“, “Quimioterapia: Como funciona e quando ela é utilizada?” e “Hormonioterapia: Como ela funciona no tratamento do câncer e quais as indicações?“)